Dos desertos da vida

Faz este ano, este mês, 10 anos que passei por um dos momentos mais difíceis da minha vida. Deus conduz-nos ao deserto várias vezes. Ouvi ontem um pastor que dizia que “o deserto não nos promove, o deserto humilha-nos”, primeiro fazendo-nos perceber que não somos ninguém e depois fazendo-nos entender que Deus pode fazer de cada um de nós alguém pela Sua graça e misericórdia.

Até há cerca de um ano vivi muito afastada de Deus. Dizia para mim mesma que eu era uma pessoa espiritual, mas não religiosa. Tinha-me esquecido de que há 10 anos eu tinha procurado Deus no meu maior momento de desespero. Sentava-me nos últimos bancos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com um terço nas mãos, a chorar baba e ranho, enquanto ouvia a homilia do Senhor Padre.
Dizem que nos momentos mais difíceis toda a gente, crentes e ateus, buscam Deus.
Eu busquei-O até que, à medida que o tempo foi passando e as minhas lágrimas foram secando, acreditei que não precisava mais Dele.
Hoje entendo que sempre precisei Dele, mas não sabia. E atrevo-me a dizer que todos precisam Dele mesmo que não o saibam.
Às vezes é difícil ouvir a sua voz e então Deus traz-nos, uma vez mais, ao deserto para que possamos silenciar o ruído e por fim ouvi-Lo.
Não sei se O oiço sempre. Sou uma filha rebelde e imperfeita. Nem sei bem se sei como rezar. Nem sempre sei o que Lhe pedir porque, a bem da verdade, nem sei bem se sei do que realmente preciso.
Caminho tremulamente e tenho-me lembrado várias vezes desse Agosto de há 10 anos, mas desta vez com uma certeza de que não estou sozinha, nem nunca estive.



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